
Era noite. Alice saíra para uma caminhada no quarteirão, na tentativa de acalmar as lembranças que ocupavam sua mente sobre os últimos acontecimentos de sua vida. A morte recente do pai, a tristeza pela qual sua mãe passava todos os dias com a ausência do marido, o fim de seu casamento de quinze anos... Deus – Pensara consigo, Estou vivendo os piores meses de toda minha história.. Entretida nesses assuntos, já atravessava a rua quando de repente um grande clarão fez com que todos os seus pensamentos desaparecessem. Era como se estivesse caindo numa escuridão, perdendo pouco a pouco todos os sentidos...
Acordara em um lugar diferente, numa manhã de sol com um céu sem nuvens e uma brisa calma. Apesar de não ver sinal algum de outras pessoas, o lugar lhe proporcionava uma paz como nunca havia sentido antes.
Questionando-se onde estava e como fora parar ali, começou a andar observando todo espaço. Gostava de sentir o roçar da grama nos pés descalços. Árvores e pequenos cercados de flores completavam aquela perfeita sintonia de paraíso. Uma estranha sensação de felicidade tomava conta dentro de si, um contentamento por estar lá.Talvez ter aparecido ali, fosse um milagre.. uma chance.. Num súbito, deu-se conta do que acontecera. O clarão... O acidente. O velório. E o jardim.Porém, já não sentia mais angústia. Tampouco desespero. Entendeu que aquilo seria apenas o começo. Uma nova vida? Aliás... Vida? Agora compreendia o verdadeiro significado dela... Um misto de alegria com tristeza acrescentadas sempre as surpresas e descobrimentos, deixando a entender nas entrelinhas as cenas do próximo capítulo.