Trancada no quarto, esqueço que lá fora corre um mundo independente de mim. Na verdade eu gosto disso. Eu gosto de silêncio. Quietude. Só o barulho das gotas de chuva batendo na janela. Fecho os olhos e aprecio a melodia. Eu consigo me perder. Me perder dentro do meu SÓ, dos meus pensamentos, dos meus anseios. Sinto o gosto da minha outra metade, o lado que vive em perfeito desalinho com meus desejos reprimidos constantemente apenas por mera falta de compreensão. O equilíbrio diário em conflito com a insensatez convidativa... o ócio submisso ao trabalho. E em meio a tantos contras, me entrego inteira para ter o simples prazer de contemplar uma tarde de chuva.
Um comentário:
Não queiras, meu amor, saber da mágoa
Que sinto quando a relembrar-te estou
Atestam-te os meus olhos rasos d'água
A dor que a tua ausência me causou.
Saudades infinitas me devoram,
Lembranças do teu vulto que nem sei
Meus olhos incessantemente choram
As horas de prazer que já gozei
Porém neste abandono interminável
No espinho de tão negra solidão
Eu tenho um companheiro inseparável
Na voz do meu plangente violão
Deixaste-me sozinho e lá distante,
Alheio à imensidão de minha dor,
Esqueces que ainda existe um peito amante
Que chora o teu carinho sedutor
No azul sem fim do espaço iluminado
Ao léu do vento se desfaz
A queixa deste amor desesperado
Que o peito em mil pedaços me desfaz
letras de Francisco Alves
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