sábado, 26 de maio de 2012

E quantas vezes eu desejei que fosse verdade?


É incrível quanto tempo passamos juntos e ao mesmo tempo tão longe . Estudamos na mesma escola , nas mesmas turmas desde o infantil. Sentávamos na mesma mesa de lanche na hora do recreio, fizemos as mesmas aulas de laboratório, participamos da mesma peça teatral todos os anos. E mesmo assim, você nem sabia quem eu era. Eu ainda me lembro de cada machucado seu, de cada gol marcado nos campeonatos intercolegiais... Eu estava presente nesses momentos vibrando e querendo você em silêncio. Sua casa era em frente à minha e às vezes eu ficava horas e horas sentada na janela só pra ver você passar. Mudava o cabelo, passava mais maquiagem, usava roupas chamativas... Só pra você prestar atenção em mim... Mas do contrário, você nunca me notava... O colegial acabou e eu esperei que num lapso de sorte você me convidasse para ser seu par (mesmo que eu fosse sua última opção). Como sempre, não aconteceu.

Decidi virar a página, te esquecer e seguir em frente .. Não se pode perder o que nunca se teve não é? Fui pra faculdade de Direito e me formei com honras e louvor. Nunca mais soube de você. Nunca mais procurei você.


[...]

Voltei dos meus devaneios com o som dos autofalantes do aeroporto. Meu voo sairia em 20 minutos. Levantei atordoada e “catei” minhas malas até o portão de embarque. Na pressa, acabei esbarrando em outro passageiro. Ao ver de quem se tratava, pensei que o choque havia afetado minha sanidade mental!  Mas não havia confusão .. Os olhos, o sorriso de criança, as feições mais lindas ... Eu nunca esqueceria o rosto que mais visitou meus sonhos de menina .. Era você!
No mesmo instante percebi uma outra presença ao seu lado .. Uma mulher linda, aparentando não ter mais do que 25 anos .. Não precisei de mais nenhuma observação para entender do que se tratava.

- Desculpe, senhorita!
- Não se preocupe, estou bem.. – Respondi ..
- Nós já não nos vimos antes? Seu rosto me parece familiar.  

Talvez fosse pelo momento, talvez fosse pela situação... Na hora que ouvi essa pergunta eu compreendi a razão de alguns fatos. Eu perdi tanto tempo esperando por uma chance, sonhando e imaginando, que acabei esquecendo o fato de que você nem sabia que eu existia. Eu só me fiz presente em sua vida dentro das minhas fantasias infantis. Finalmente eu entendi que certas coisas não saem do jeito que a gente quer. Finalmente eu entendi que você só existira na minha memória. Mas na sua, nunca houve um espaço pra mim.
Respirei fundo e disse:

- Creio que não. Somos estranhos em meio ao acaso de lugares iguais e rumos diferentes. Se nós nos conhecêssemos você certamente lembraria de mim.. Preciso ir agora. Boa viagem... !
- Oh... Boa viagem pra você também e desculpe pelo esbarrão. – Disse.

Olhei você pela última vez e fui embora. Não me senti triste por me afastar de você. Não senti vontade de olhar pra trás.


Pela primeira vez, foi você quem me viu partir.

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